O vigoroso movimento sindical de trabalhadores e trabalhadoras rurais no Brasil inicia um novo ciclo com Vânia Marques na Presidência da CONTAG (Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares). Afinal, a baiana de Iraquara é a primeira mulher a presidir a maior organização do segmento na América Latina.
Para a presidenta da CTB Bahia, Rosa de Souza, é para celebrar muito. "Coloca a luta feminina em outro patamar político, estimulando mais mulheres a ocuparem espaços de poder na sociedade. Cada vez que uma de nós assume um cargo importante, amplia o caminho para outras mulheres e para a emancipação feminina", destaca.
Segundo a dirigente, Vânia Marques se afirmou como liderança nacional do sindicalismo no campo com uma trajetória coerente. "Ter o consenso de todas as forças políticas em torno de uma mulher, em um mundo ainda predominantemente masculino, é porque Vânia se colocou como o nome capaz e competente para unificar a entidade e assumir uma tarefa do tamanho da grandeza da CONTAG", afirma.
PENSAMENTOS
Toda expectativa positiva quanto à gestão conduzida por Vânia se confirma ao resgatarmos algumas de suas ideias. Ao jornal online português Tornado, Vânia falou do simbolismo de ser a primeira presidenta da CONTAG. “Representa a força da mulher agricultora. Me sinto honrada por representar a conquista e a realização do sonho de várias mulheres que é ter uma mulher ocupando esse lugar, o nosso lugar”, afirmou.
A sindicalista reconhece quem pavimentou essa estrada. "Sei bem que represento várias mulheres que vieram antes de mim e construíram esse caminho, para que hoje fosse possível ter uma mulher na Presidência da CONTAG. Tenho a plena convicção de que serei a primeira de muitas outras que virão. Temos que citar Margarida Maria Alves, assassinada por latifundiários em 1983. Em homenagem a ela foi criada a Marcha das Margaridas, importante manifestação que destaca a luta das mulheres no campo", lembrou.
O tom da gestão será de quem sabe para onde conduzir a luta. "Queremos um mundo livre das desigualdades, um mundo onde as pessoas possam viver livres, amarem e serem amadas e sobretudo que a classe trabalhadora tenha vida digna e possa usufruir do que produz”, disse. E de quem preserva sua essência. "Isso automaticamente nos traz força. Quando me reconheço mulher, negra, candomblecista, nordestina, agricultora e comunista, me encontro nas coisas nas quais acredito e que me fazem ser quem eu sou. Nesse lugar florescem meus princípios, minhas crenças e meus valores e me fazem mais forte. Porque vou imprimindo no mundo a minha marca, o meu jeito de ver e entender o mundo e isso me traz força para lutar pelo que acredito", completou.